por
José Soudo
FOTÓGRAFO. CURADOR. INVESTIGADOR INDEPENDENTE EM HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA.
MESTRE EM FOTOGRAFIA APLICADA.
TÍTULO DE ESPECIALISTA EM MEIOS AUDIOVISUAIS E PRODUÇÃO DOS MEDIA..
Com este texto singelo, pretendo deixar algumas palavras
de homenagem ao Armando Cardoso, pelos seus 50 anos
de percurso na actividade fotográfica, que tão bem abraçou
e para a qual muito tem contribuído.
Feitas as contas e considerando que a fita do tempo da Fotografia se
inicia nos idos de 1830’s/1840’s o que, sendo verdade, não o é, como
tenho afirmado e comprovado inúmeras vezes, estamos a falar de
uma actividade que ronda os cerca de 190 anos, mais os pozinhos de
perlimpimpim que lhe podem ser acrescentados, se com jeito andarmos
para trás e que nos colocam entre 1790’ s e 1805’s, no tempo das
impressões solares de Thomas Weddgwood (1771/1805) e Humphry D avy
(1778/1829), não estabilizadas, mas pré-fotográficas, pelo que sem
grandes confusões nos darão uns bons 230 anos de existência.
Deste curto tempo de vida da Fotografia, se comparado com a vida das
restantes Artes Visuais, o Armando acompanhou e contribuiu muito
e bem, com trabalho efectivo, feito nos últimos 50 anos desta fascinante
actividade.
Este livro e as sequentes exposições, comportam várias fases
e estratégias, das diferentes abordagens que o Armando Cardoso
desenvolveu ao longo deste tempo.
Ir-me-ei debruçar apenas sobre duas delas.
Uma é a que corresponde ao período que o Armando considera o da sua visão
neo-realista, com uma forte preocupação social e política, que se reflecte em
fotografias de tendência humanista e que naturalmente desembocarão
no 25 de Abril e nos tempos sequentes.
Para os que acompanham os meus escritos modestos sobre fotografia
e sobre fotógrafos, verificarão que remeto sempre o que me é dado a ver,
para memórias que tenho de outros trabalhos de outros fotógrafos e da
própria história da fotografia, ou será que deveria dizer da(s) história(s) da(s)
fotografia(s), pois entendo que tudo se liga de um modo directo e indirecto,
com objectividade e com muita subjectividade.
É certo, que pouco ou nada poderei acrescentar ao trabalho do Armando, que
não seja o reforçar o profundo respeito que sinto pelo engajamento nesta tão
importante tipologia da fotografia, na qual grande parte de nós se envolve ou
envolveu, com o desejo de deixar marcas de uma militância a favor das causas
dos mais desprotegidos, marcas essas que nos chegaram como referência
e como ecos longínquos de outras militâncias vividas.
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